CEEJA: Educação para o Bem Viver
(Tema 3 de 5)
Sabemos que 70% das enfermidades surgidas desde a década de 1940 são de origem animal. Sabemos também que comer ou deixar de comer, por enquanto, é uma questão pessoal. Mas devemos estar cientes das consequências e o que isso implica. Tais crimes ambientais como os que acontecem com o meio ambiente, tem relação direta ao consumo de proteína animal. Como mostra a imagem a seguir, se deixarmos de comer 220 gramas de proteína animal, seria uma economia de CO2 emitidos na atmosfera equivalente a 240 Km rodados em um automóvel. Ou uma economia de 792 litros de água. Essa imagem da Sociedade Brasileira de Vegetarianismo faz parte de uma campanha da segunda-feira sem carne! #SegundaSemCarne campanha que ocorre no mundo todo, sendo o Brasil líder de adeptos.
Mas como veremos a seguir apenas um dia de conscientização e economia de recursos naturais já não basta. Temos que mudar/repensar o mundo que queremos.
A produção de carnes e outros produtos de origem animal requer extensas áreas e o uso maciço de recursos naturais escassos. A pecuária ocupa 75% das terras aráveis do planeta, principalmente para pastagem e produção de ração – embora seja responsável por apenas 12% das calorias consumidas globalmente. No Brasil, milhões de hectares de vegetação nativa, em ecossistemas como a Amazônia e o Cerrado, foram perdidos para a abertura de pastos e para o cultivo de grãos como a soja, usada predominantemente como ração para animais.
Um relatório recente feito pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e pela Agência Alemã para a Cooperação Internacional mostrou que a pecuária é o setor da economia brasileira com os maiores custos em termos de perda de capital natural: para cada R$ 1 milhão de receita do setor, R$ 22 milhões são perdidos devido a perda de capital natural e outros danos ambientais. De forma semelhante, estima-se que as operações de abate e processamento de animais custam ao país, em danos ambientais, 371% a mais do que a receita que geram.
O crescimento populacional, o consequente aumento da demanda mundial por carne, o esgotamento da pastagem e a lucratividade são alguns fatores importantes que justificam o confinamento e o consequente surgimento de doenças.
O confinamento é um sistema de criação onde animais são fechados em uma área restrita. Essa concentração de animais e principalmente à sanidade são fatores que causam estresse nos animais, reduzem a imunidade e tornam o ambiente propício ao aparecimento de doenças virais e bacterianas. Não vou abordar aqui questões de direitos dos animais e o egocentrismo, mas devemos ressaltar a crueldade e a falta de higiene pelas quais passam esses animais.
Nos mamíferos o confinamento causa doenças respiratórias (responsáveis por 75% das enfermidades em confinamento), digestivas e de pele como pneumonias, cisticercose, dermatites, clostridioses entre outras.
Com as aves, seja para a produção de carne ou ovos o confinamento traz consequências sérias a nossa saúde e a saúde das aves. Elas são mantidas aos milhares em um ambiente propicio as doenças e podem sofrer mutação, isto é, alterar, recombinar seus genes, assim como ocorreu com o coronavírus. Atualmente existe um vírus, já conhecido, 100 vezes pior do que o novo coronavírus. Esse é o H5N1, ou a gripe do frango, popularmente dita. Esse vírus quando transmitido de aves para humanos possui uma letalidade de 50%. Ou seja a cada duas pessoas que contraíram esse vírus uma veio a falecer. Para se ter uma dimensão do problema, a letalidade do Covid-19 é cerca de 0,5%, ou uma a cada 200 pessoas perdem a vida, o que não deixa de ser catastrófica. Já o H5N1 levaria metade dos pacientes a óbito, ou seja, a cada 200 pessoas contaminadas 100 pessoas perdem a vida.
E não duvide que isso possa acontecer. Os vírus são transmitidos aos seres humanos através da carne de um animal infectado. Já conhecemos a tuberculose e o sarampo que vieram dos ovinos e caprinos. A varíola – camelos, a lepra – búfalos, a tosse convulsa – suínos, a febre tifóide – frangos etc.
A história da medicina nos mostra que a erradicação de uma pandemia é um acontecimento raro e, no caso da covid-19, pouco provável. De todas as doenças infecciosas que causaram pandemias, apenas a varíola foi erradicada, em 1980. As demais foram controladas por meio da imunização de rebanho, de medidas de prevenção, ou simplesmente se tornaram menos letais após mutações no vírus causador. Professor emérito de História da Medicina na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, Frank Snowden lembra que o que possibilitou a erradicação da varíola era a ausência de um hospedeiro animal: “Agora, temos uma doença [covid-19] que veio de animais, por isso sempre haverá o risco de que ela seja transmitida novamente. Então, é improvável que consigamos erradicá-la”.
- COVID19 e a Necessidade de uma Educação Alimentar
- COVID-19 x Meio Ambiente 2/5
- COVID-19 x Proteína Animal 3/5
- COVID-19 x Saúde 4/5
- COVID-19 x Alimentação 5/5